Voltamos de Paris no domingo. Dessa vez, como irÃamos de Eurostar e não de avião, optamos por ficar em um hotel perto da Gare du Nord. A decisão foi lamentada: bêbados e pedintes na rua, barulho excessivo, nenhuma atração ou restaurante interessante nas proximidades... O lugar parecia o fim do mundo - mas com arquitetura Belle Époque.
Valeu a pena pelo fato de não termos precisado sair do hotel com antecedência para chegar à tempo na estação; cinco minutos de caminhada e estávamos lá. Mas da próxima vez eu voltarei a ficar nos bairros que prefiro. Afinal, uma das vantagens da cidade é que, a cada dez passos, você cai dentro de uma estação de metrô que vai levá-lo para qualquer lugar. É verdade que o metrô parisiense parece uma lixeira sobre trilhos. Mas é eficiente, extenso, facÃlimo de navegar, barato, integrado à linha ferroviária e com um número grande de estações se levarmos em conta a área que cobre.
O hotel em si era OK. O quarto não era dos maiores, mas o ar condicionado foi uma benção no calor senegalês e o wi-fi era gratuito e excelente - coisa rara até em hotéis muito mais caros. Fiz amizade com dois pombos que dormiam debaixo da minha janela; apelidei-os François e Clementine e os alimentei com farelos de pretzels (que eles não curtiram) e de macarons da Ladurée (que eles amaram; pombo nacionalista é foda).
O banheiro era grande e moderno. O Eurostar fede no verão. Da última vez que usei os serviços do trem rápido era inverno e não senti os efeitos da temperatura elevada associada, talvez, à falta de banho das pessoas. Não sei se é diferente na primeira classe, mas logo o nariz se acostuma e a gente se distrai observando a paisagem correndo velozmente pela janela (com exceção dos 20 minutos em que passamos no túnel).
Foi uma visita rápida e não houve tempo para grandes turismos. Apenas alguns almoços, uma visita abortada a Versailles (as filas quilométricas e o calor nos fizeram desistir e pegar o trem de volta) e uma tentativa de compras na Galeria Lafayette - lotadÃssima e carÃssima, mesmo com a suposta liquidação. Considerei uma bolsinha Marc Jacobs mas, sinceramente, eu não preciso de mais uma bolsinha de grife. Minha modesta aquisição do fim de semana foi um trench coat na Benetton, com 50% de desconto.
O que me surpreende sempre que visito Paris é a qualidade da comida: mediana, beirando ao medÃocre. A impressão que tenho é que, se você não estiver disposto a pagar uma pequena fortuna (ou saber MUITO bem onde ir), vai comer sempre mal. A apresentação dos pratos, por exemplo. A comida chega à mesa de forma tão desleixada que é capaz de tirar a fome de um eritreu. A coisa é nÃvel botequim pé sujo, mesmo - e pelo mesmo preço eu poderia comer no Ivy.
Essa "entrada" aà em cima (fatias de baguete duras feito pedras com um fiapo de presunto e queijo derretido por cima) eles chamavam de TARTE no menu. Isso, pra mim, é um sanduba que eu mesma faço na pressa em casa, no microondas, enquanto assisto a novela. Em Paris, me custou nove euros.
Essa salada chegou à mesa dessa forma. Havia molho espalhado por toda a extensão do pratinho cafona de boteco, inclusive na parte de baixo. A mesa ficou um nojo e Respectivo manchou a camisa. Oito euros.
Esse foi o prato principal. A tábua sobre a qual carne veio disposta estava suja. Mesma coisa para copos e a garrafa de água (disgusting). As poucas fatias de carne eram tão finas que a gente podia ver através delas. Se não fosse essa batata - para crédito do cozinheiro, perfeitamente assada - eu teria saÃdo do restaurante com fome. Mas nem mesmo em um shopping da Baixada Fluminense eu teria sido servida dessa maneira "informal". Valor: 17 euros.
Vamos comparar aqui brevemente com a qualidade e a apresentação destes pratos:

Ambos vieram do mesmo restaurante em Jersey (Bass & Lobster) onde se almoça por 12 libras com direito a entrada e prato principal.
Pelo preço médio que se paga em Paris por uma refeição, seria perfeitamente possÃvel demonstrar um mÃnimo de criatividade na hora de montar um menu (chega de crepe, salada de tomate, ovo com presunto e moules a la creme) e pelo menos arrumar a comida com decência no prato.
Tenho a humildade de reconhecer que posso estar indo aos lugares errados. Se você mora em Paris ou conhece bem a cidade e tem boas dicas a dar, por favor esteja à vontade. Já tentei diversas áreas, diversas faixas de preço e quase sempre saio decepcionada; se não com a qualidade ou apresentação, pelo menos com a falta de inspiração da comida. A impressão que fica é de que a França se acomodou com a fama de "melhor cozinha do mundo", mas eu pelo menos sempre comi infinitamente melhor (e por muito menos) na Inglaterra e na Alemanha, paÃses que não têm exatamente uma reputação mundial consolidada em termos de culinária.
Fomos também à Ladurée, como é de hábito (estou pensando seriamente em trocar pela Pierre Hermé). Dessa vez optei pela filial antiguinha, na Rue Royale. Achei a decoração caÃda, as mesas pequenas, as cadeiras *extremamente* desconfortáveis (fiquei com dor nas costas), a ganância por encher o salão significando mesas espremidas umas à s outras, o serviço lento e tudo isso pelo privilégio de pagar 18 euros num sanduÃche. E ainda tinha fila na porta! Pelo menos o meu religieuse de morango estava k - but, you know, nothing life-changing.

Não consigo mais culpar quem visita a cidade luz e opta por subsistir da sagrada trÃade McDonalds, Brioche Dorée e Starbucks. Na minha próxima visita vou comprar pão na boulangerie, frios na charcuterie, queijinhos na fromagerie, vinhos baratos e deliciosos no supermercado e fazer piquenique. A cuisine de terroir que me desculpe.
Valeu a pena pelo fato de não termos precisado sair do hotel com antecedência para chegar à tempo na estação; cinco minutos de caminhada e estávamos lá. Mas da próxima vez eu voltarei a ficar nos bairros que prefiro. Afinal, uma das vantagens da cidade é que, a cada dez passos, você cai dentro de uma estação de metrô que vai levá-lo para qualquer lugar. É verdade que o metrô parisiense parece uma lixeira sobre trilhos. Mas é eficiente, extenso, facÃlimo de navegar, barato, integrado à linha ferroviária e com um número grande de estações se levarmos em conta a área que cobre.
O hotel em si era OK. O quarto não era dos maiores, mas o ar condicionado foi uma benção no calor senegalês e o wi-fi era gratuito e excelente - coisa rara até em hotéis muito mais caros. Fiz amizade com dois pombos que dormiam debaixo da minha janela; apelidei-os François e Clementine e os alimentei com farelos de pretzels (que eles não curtiram) e de macarons da Ladurée (que eles amaram; pombo nacionalista é foda).
O banheiro era grande e moderno. O Eurostar fede no verão. Da última vez que usei os serviços do trem rápido era inverno e não senti os efeitos da temperatura elevada associada, talvez, à falta de banho das pessoas. Não sei se é diferente na primeira classe, mas logo o nariz se acostuma e a gente se distrai observando a paisagem correndo velozmente pela janela (com exceção dos 20 minutos em que passamos no túnel).
Foi uma visita rápida e não houve tempo para grandes turismos. Apenas alguns almoços, uma visita abortada a Versailles (as filas quilométricas e o calor nos fizeram desistir e pegar o trem de volta) e uma tentativa de compras na Galeria Lafayette - lotadÃssima e carÃssima, mesmo com a suposta liquidação. Considerei uma bolsinha Marc Jacobs mas, sinceramente, eu não preciso de mais uma bolsinha de grife. Minha modesta aquisição do fim de semana foi um trench coat na Benetton, com 50% de desconto.
O que me surpreende sempre que visito Paris é a qualidade da comida: mediana, beirando ao medÃocre. A impressão que tenho é que, se você não estiver disposto a pagar uma pequena fortuna (ou saber MUITO bem onde ir), vai comer sempre mal. A apresentação dos pratos, por exemplo. A comida chega à mesa de forma tão desleixada que é capaz de tirar a fome de um eritreu. A coisa é nÃvel botequim pé sujo, mesmo - e pelo mesmo preço eu poderia comer no Ivy.

Essa "entrada" aà em cima (fatias de baguete duras feito pedras com um fiapo de presunto e queijo derretido por cima) eles chamavam de TARTE no menu. Isso, pra mim, é um sanduba que eu mesma faço na pressa em casa, no microondas, enquanto assisto a novela. Em Paris, me custou nove euros.

Essa salada chegou à mesa dessa forma. Havia molho espalhado por toda a extensão do pratinho cafona de boteco, inclusive na parte de baixo. A mesa ficou um nojo e Respectivo manchou a camisa. Oito euros.

Esse foi o prato principal. A tábua sobre a qual carne veio disposta estava suja. Mesma coisa para copos e a garrafa de água (disgusting). As poucas fatias de carne eram tão finas que a gente podia ver através delas. Se não fosse essa batata - para crédito do cozinheiro, perfeitamente assada - eu teria saÃdo do restaurante com fome. Mas nem mesmo em um shopping da Baixada Fluminense eu teria sido servida dessa maneira "informal". Valor: 17 euros.
Vamos comparar aqui brevemente com a qualidade e a apresentação destes pratos:


Ambos vieram do mesmo restaurante em Jersey (Bass & Lobster) onde se almoça por 12 libras com direito a entrada e prato principal.
Pelo preço médio que se paga em Paris por uma refeição, seria perfeitamente possÃvel demonstrar um mÃnimo de criatividade na hora de montar um menu (chega de crepe, salada de tomate, ovo com presunto e moules a la creme) e pelo menos arrumar a comida com decência no prato.
Tenho a humildade de reconhecer que posso estar indo aos lugares errados. Se você mora em Paris ou conhece bem a cidade e tem boas dicas a dar, por favor esteja à vontade. Já tentei diversas áreas, diversas faixas de preço e quase sempre saio decepcionada; se não com a qualidade ou apresentação, pelo menos com a falta de inspiração da comida. A impressão que fica é de que a França se acomodou com a fama de "melhor cozinha do mundo", mas eu pelo menos sempre comi infinitamente melhor (e por muito menos) na Inglaterra e na Alemanha, paÃses que não têm exatamente uma reputação mundial consolidada em termos de culinária.
Fomos também à Ladurée, como é de hábito (estou pensando seriamente em trocar pela Pierre Hermé). Dessa vez optei pela filial antiguinha, na Rue Royale. Achei a decoração caÃda, as mesas pequenas, as cadeiras *extremamente* desconfortáveis (fiquei com dor nas costas), a ganância por encher o salão significando mesas espremidas umas à s outras, o serviço lento e tudo isso pelo privilégio de pagar 18 euros num sanduÃche. E ainda tinha fila na porta! Pelo menos o meu religieuse de morango estava k - but, you know, nothing life-changing.


Não consigo mais culpar quem visita a cidade luz e opta por subsistir da sagrada trÃade McDonalds, Brioche Dorée e Starbucks. Na minha próxima visita vou comprar pão na boulangerie, frios na charcuterie, queijinhos na fromagerie, vinhos baratos e deliciosos no supermercado e fazer piquenique. A cuisine de terroir que me desculpe.