Comprei esse Pick'n'Mix na véspera do meu aniversário, uma dose necessária de inocência açucarada para celebrar meu envelhecimento em pleno lockdown. Eu nem lembro o que fiz no aniversário anterior (memória excelente para coisas que aconteceram há três décadas; já ano passado é um borrão), mas certamente deve ter sido mais animado que sentar na sala de jantar para acender velinhas num bolo de supermercado. Pensei em comprar balões metálicos, fazer um mural e juntar 3 pessoas num birthday zoom, mas quer saber? This ain't really me. Me dei essas velinhas coloridas (another touch of whimsy), me dei os parabéns por ter sobrevivido 2020 e me dei por satisfeita.
Meu celular novo chegou esse mês e com muito pesar aposentei essa capinha magnÃfica cheia de glitter movediço. Ela é super pesada e não vou sentir falta do tijolo em que ela transformava meu finÃssimo e levÃssimo 6 plus - mas tão bonito o rosto... O telefone novo é um 11 Pro e já estou insatisfeita com o tamanho; me acostumei com tela grande. A câmera é boa no escuro; fora isso não estou vendo nenhuma diferença fenomenal, mas como não posso reclamar do preço que encontrei fico quieta. Espero que dure tanto quanto o anterior, que ainda funciona.
Lendo uma discussão sobre “filmes que te deram expectativas nada realistas sobre como seria a sua vida adulta” e percebendo que eu nunca tive expectativas sobre como seria a minha vida adulta. No máximo pensei em filmes como St Elmo’s Fire e Reality Bites, onde um monte de recém adultos se dá conta de que um diploma não é a chave da felicidade e que relações humanas são complicadas e nem sempre têm final feliz. Tudo o que EU queria era um emprego sem contato com o público e que me pagasse o bastante pra mobiliar um quarto-e-sala nas Casas Bahia. Nasci pra ser medÃocre.
Por outro lado consigo pensar em momentos da minha vida adulta que a Lolla adolescente teria achado super cool e que jamais aconteceriam de verdade. Ver neve. Cruzar a Oxford Street em Londres dentro de um black cab. Tomar café da manhã num diner em NY. Marcar um “almoço de negócios” na agenda. Sair à s quatro da madrugada descalça de um bar na Lapa levando o sapato na mão. Ter um trench coat! Encomendar cartões de visita com meu nome e telefone numa gráfica a fim de distribuir para clientes. Tomar bellinis na manhã de natal. Tomar chá das cinco no Ritz. Tomar uma taça de vinho Valpolicella em... Valpolicella. Marcar e pegar um vôo internacional sozinha. Voar business class (não paguei, hahaha; foi um upgrade gratuito). Visitar um Souk em Dubai. Entrar nas Galeries Lafayette em Paris. Assinar um artigo num portal. Marcar um café com amigos num bar, pagar a conta e dar gorjeta. Estar de casaquinho em pleno janeiro, tomando café e browseando o instagram no tablet, quando na adolescência muitas vezes me perguntei se um dia teria condições de ter uma casa, um emprego e um mÃnimo de estabilidade.
No fim das contas talvez seja melhor nascer pra mediocridade e se surpreender positivamente do que o contrário.