ainda março.

NĂ£o se faz um post sobre catĂ¡strofes naturais para em seguida sumir.
Mas nĂ£o temam, a tempestade jĂ¡ passou faz tempo (mas o cĂ©u cinza e a chuva modorrenta persistem) e eu nĂ£p fui levada pela ventania. Estou viva, porĂ©m muito ocupada. E a ilha se recuperou, porque Ă© preciso muito mais do que um ventinho para destrui-la.





Me sinto meio alienĂ­gena na pĂ¡scoa, quando todo mundo sĂ³ sabe falar sobre chocolate e reclamar do quanto vĂ£o engordar por tĂª-los comido (se esquecendo de que nĂ£o Ă© obrigatĂ³rio comer os tais chocolates e que a eventual banha acumulada serĂ¡ culpa deles mesmos) e eu permaneço linda, leve e magra porque DETESTO CHOCOLATE e distribuo todos os que recebo. Esse ano ganhei um Ăºnico coelho de chocolate (do verdureiro...), imediatamente doado ao Respectivo, que deu cabo do infeliz em menos de meia hora. chocolate, pra mim, sĂ³ branco - jĂ¡ que nĂ£o tem gosto de chocolate e nem Ă©, tecnicamente, chocolate.

light gardening.

Apagar ex-relacionamentos da nossa histĂ³ria pessoal Ă© relativamente fĂ¡cil. Pode doer por uns meses, pode causar alguns problemas de logĂ­stica (quem fica com o quĂª, quem vai buscar o quĂª na casa de quem, a quem o que pertence, etcĂ©tera), financeiros (no caso de separações de gente rica, onde interessa mais quem vai ficar com o iate/a casa de praia do que quem fica com a guarda das crianças e do cachorro) ou atĂ© de saude, caso sua paixĂ£o tenha sido mesmo avassaladora ou a sua ex-metade da laranja seja vingativa e frequente uma facĂ§Ă£o mais heavy metal de terreiro de macumba.

Mas nada pior do que um ex-relacionamento pode fazer com as suas musicas preferidas, se vocĂª tolamente permitir que uma delas (ou vĂ¡rias) passem a fazer parte dele. Por mais que voce tenha dificuldade de se lembrar do sobrenome do filhodamĂ£e que fez vocĂª chorar hĂ¡ uns anos atrĂ¡s, vocĂª NUNCA vai esquecer da maldita mĂºsica do primeiro encontro, do primeiro beijo, daquele dia dos namorados em TeresĂ³polis, daquela mĂºsica que ele gostava de cantar (e cantava tĂ£o lindo). E se for uma musica querida, tanto pior pra vocĂª, jĂ¡ que a mancha daquela criatura e daquelas memĂ³rias nunca vai sair dali, nem deixando de molho em Ă¡gua sanitĂ¡ria por uns trĂªs mil anos. E se o filhodamĂ£e nao for tĂ£o filhodamĂ£e assim e, assim como a mĂºsica, tambĂ©m for querido... aĂ­ desiste, amiga. Tente fingir que aquela mĂºsica nunca foi escrita ou gravada, EVER.


Aqueles daffodils jĂ¡ estavam mortos e secos, entĂ£o se fez necessĂ¡rio ir em busca de outros pra dar um restart na jarra. calcei minhas botinhas-de-chuva tendĂªncia, agarrei minhas tesoura de cozinha e, com tempestade e o escambau, me lancei Ă  tarefa.

Logo na porta encontrei isso aqui - shamrocks they aren't, but very saint patrick's day nonetheless, huh?



Essas aqui tambĂ©m estavam na porta, e crescendo assustadoramente. NĂ£o sei que flores sĂ£o essas (sĂ³ sei que lindas); apenas espero que as raĂ­zes nĂ£o joguem minha casa no chĂ£o.



Ei-los! Na verdade a parte de trĂ¡s do terreno estĂ¡ coberta deles, mas essa foi a Ăºnica foto que saiu ok (luz ruim e fotografa preguiçosa, that is).



Eis as vitimas! A parte ridĂ­cula da coisa Ă© que eu tenho pena de cortĂ¡-los. No fundo eu acho que flores devem crescer ao natural, em seus habitats, da terra e para a terra, sem escalas dentro de apartamentos, cozinhas, em cima de mesas ou defuntos. 90% das flores que tenho dentro de casa sĂ£o artificiais. Me sinto uma assassina de plantas quando as corto - o daffodil da direita estava lindo demais para ser cortado e foi poupado da carnificina vegetal.



ParĂªnteses: eu nĂ£o chamo os narcisos pelo seu nome gringo por frescura, nĂ£o. É que eu nunca havia visto um narciso antes de vir para cĂ¡, e foi por este nome (daffodils) que eu os conheci. Acabou grudando.

E a recompensa da jardineira: gin + suco de framboesa + morangos cortadinhos. Pode fazer em casa; nao abuse do gin - ou vodka, caso prefira - mas deixe os morangos dar uma leve marinada no alcĂ³ol antes de pĂ´r o suco. Delicious!



E agora vou ali fazer a dança da chuva ao contrĂ¡rio no quintal, na esperança que essa tempestade de vento vĂ¡ brincar de sacudir arvores em outro canto.