Boo.

Happy Halloween! (adiantado porque viajo amanhĂŁ e nĂŁo sei quando volto)






























Faltam apenas alguns dias, mas jĂĄ Ă© All Hallows' eve pelas janelas, portas, quintais e muros. As lojas nĂŁo sabem exatamente o que estocar: coisas laranjas e pretas OU coisas vermelhas e verdes. Adoro o fim do ano e todas as festas que vĂȘm com ele.

Estou indo ver o Morrissey com a MĂĄrcia amanhĂŁ, depois seguimos para o Lake District e entĂŁo Paris com a FlĂĄvia. Depois nĂŁo sei. Literalmente, nĂŁo comprei a passagem de volta. :) Continuaremos nesse mesmo bat local (e no outro) sempre que humanamente possĂ­vel.

Summerhouse blues

A summerhouse progride a passos lentos. Na semana passada, Respectivo finalmente montou a prateleira embaixo da janela (usando sobras de madeira da prĂłpria casa), e eu pintei.




A função da prateleira Ă© servir de mesa, aproveitando a luz natural da janela. O vaso branco era um vidro de cebolas em conserva. Pus um pouco de tinta a Ăłleo branca dentro, tampei o vidro, sacudi e depois despejei a tinta de volta na lata. As flores sĂŁo hortĂȘnsias secas que peguei no jardim e o porta velas veio da festa da Cidra.




Esse quilt (Ă© uma almofada, nĂŁo uma toalha de mesa) veio do Ebay. Chegando em casa, vi que era IMENSO. NĂŁo acredito que seja possĂ­vel encontrar um "recheio" de almofada pronto desse tamanho; terei que comprar espuma, pano e fazer um.


Achei esse coração feito de gravetos da Gisela Graham numa lojinha aqui em Jersey chamada The Gooseberry Bush.


Sim, holy; elas jĂĄ chegaram. O natal estĂĄ, realmente, logo ali.



Festa da Cidra

Ontem fui Ă  Festa Anual da Cidra em Hamptonne, que se repete todos os anos na Ă©poca da colheita das maçãs. A cidra Ă© uma bebida bastante popular por aqui, mas que nada tem a ver com aquela coisa gasosa e doce que nĂłs brasileiros, em pelo menos algum momento da vida, jĂĄ bebemos no Natal. A cidra inglesa, pelo menos a autĂȘntica, nĂŁo tem gĂĄs e seu sabor Ă© bem mais seco.

Fiquei boquiaberta ao ler que a mĂ©dia de consumo de cidra na Inglaterra jĂĄ chegou a dois litros diĂĄrios por pessoa (incluindo crianças e mulheres). Vale lembrar que, durante o perĂ­odo vitoriano, a qualidade da ĂĄgua obtida nas cidades era muito ruim (sistema de esgoto sendo um conceito desconhecido). A população era obrigada a beber ĂĄlcool, jĂĄ que o processo de fermentação extermina as bactĂ©rias e torna a bebida mais segura. Melhor destruir o fĂ­gado lentamente e morrer de cirrose aos 25 anos do que de perecer numa crise de diarrĂ©ia aos trĂȘs.






Cidra + "bean crock", uma espĂ©cie de feijoada incluindo vĂĄrios tipos de feijĂŁo e miĂșdos de porco; comida de trabalhador rural e, como tal, muito boa.



Queijos fabricados em Jersey + porco inteiro no espeto, cujas fatias sĂŁo servidas com pĂŁo, purĂȘ de maçã e uma massa feita com ervas, cebola e pĂŁo, que tambĂ©m Ă© usada para recheadar assados.



E aqui, os porquinhos ainda crus. :D O porco ali atrĂĄs resolveu acordar no meio da sessĂŁo fotogrĂĄfica e se encaminhar para a tigela de comida, passando por cima dos outros e acordando todo o chiqueiro no processo. Classe suĂ­na.



Jersey Wonders - As maravilhas de Jersey (e o cartaz escrito em antigo jerriais).



Jersey Wonders = um tipo de pĂŁozinho doce e bem fofo, frito em Ăłleo fervendo e polvilhado com canela e açĂșcar. Lembra um milhĂŁo de coisas sem nome que comi com cafĂ© na infĂąncia - mas nĂŁo, nĂŁo tem nada a ver com rabanada. NĂŁo pude fazer uma foto melhor porque a velha chata que tomava conta da bacia estava me olhando torto; nesse Ăąngulo parecem cocĂŽ de cachorro empanado.



A obrigatória barraquinha de geléias e conservas. Levei um vidro pequeno de "Black Butter", que não é manteiga e nem mesmo preta, mas sim um creme espesso e marrom escuro, obtido ao se cozinhar maçãs em fogo baixíssimo por hooooras. Perfeita com aquele queijo brie lå em cima.







Vaquinha fake para treinar ordenha.



Cantoria obrigatĂłria - melodias vitorianas entoadas em Jerriais.



Castanhas assadas na hora, 50 centavos o saquinho. O cheiro pelo menos estava Ăłtimo e meu pai teria adorado.



O subproduto da fabricação da cidra: depois de amassadas por uma imensa roda de pedra, as maçãs são prensadas e o suco estocado em tonéis de madeira para fermentar. O que sobra é utilizado para alimentar animais ou para produzir Black Butter. Nada se perde, tudo se degusta.


Como se eu nĂŁo tivesse me entupido de bean crock, porco assado e cidra durante o dia, Ă  noite eu tive que provar as compras. Controle de qualidade. ;)



Ok, a aparĂȘncia do queijo Ă© estranha, ainda mais quando vocĂȘ se lembra de que essa cobertura na verdade, sĂŁo fungos. Yummy.



Mas aĂ­ a gente corta o dito cujo e se depara com essa textura maravilhosa e amanteigada.



Vem cĂĄ, meu funguinho querido. I love you.


Agora vou ali me enfiar com isso tudo + uma taça de vinho do Porto debaixo de um edredon no sofå, acender a lareira e agradecer aos céus a chegada do frio.

Consumismos.

Queria mostrar Ă s moças que me lĂȘem que o Flamingo Pink da Barry M serĂĄ meu esmalte preferido para o verĂŁo 2010 e ainda combina com a minha blusa:



E eu quero o catĂĄlogode outono/inverno da Toast inteiro; o que me deixaria bem quentinha e bonitinha, mas certamente bastante pobrinha...


Quero pelo menos uma ou duas peças; o que vocĂȘs acham?

E o que Lollinha NÃO estarå usando nesse outono inverno? Tigh high boots.


Sem mais.

Sobre o silĂȘncio.

De vez em quando tenho vontade de escrever mais aqui. Sobre assuntos diversos, como eu costumava fazer hå alguns anos atrås. E costumava agradar, tanto que meus blogs sempre foram bem visitados e comentados. Claro que sempre existiam os mais sensíveis, que ouvem críticas sinceras e bem intencionadas (se é que isso existe...) como se fossem julgamentos de caråter e se rebelam ou se afastam; não sinto saudades. O que sinto, de vez em quando, é a garganta entalar com alguma coisa, pessoa ou acontecimento e me parece que seria saudåvel externar uma opinião, nem que fosse para resolver o assunto na minha cabeça. Jå que, pelo menos até o final da década passada, blogs também serviam como catarse, e não apenas para mostrar fotos bonitas, falar mal de celebridades ocas ou trocar a própria opinião por pedaços de plåstico colorido.

Mas aí eu me dou uns dez minutos e esqueço. Completamente.
E prefiro creditar isso Ă  falta de importĂąncia do assunto, nĂŁo ao Alzheimer precoce que jĂĄ me preocupa (?).

O fato Ă© que, nessa Ă©poca multimĂ­dia em que vivemos (onde todo mundo pode ir ali no wordpress ou twitter e criar seu prĂłprio palanque virtual a preço de ocasiĂŁo: grĂĄtis), todo mundo parece acreditar que precisa ter uma opiniĂŁo sobre todo e qualquer assunto, de preferĂȘncia negativa, e que precisa externĂĄ-la a qualquer custo. Eu tambĂ©m, oras. Dar pitaco Ă© divertido, quase irresistĂ­vel, e Ă© difĂ­cil fazer silĂȘncio quando todos ao seu redor estĂŁo gritando; parece que, calado, vocĂȘ se torna invisĂ­vel e desinteressante. Sendo expostos a essa vastidĂŁo de informação, temos dois caminhos a seguir: mergulhar nela e tentar processar e regurgitar o mĂĄximo possĂ­vel ou fechar o browser e ir tirar um cochilo. Confesso que invejo cada vez mais quem opta por dormir, e tenho procurado fazer isso. Pelo que mais nĂŁo seja, minhas olheiras diminuĂ­ram consideravelmente.

Hoje em dia, os Ășnicos blogs que acompanho sĂŁo de amigos ou os "inspirational" (pouco ou nenhum texto e muitas fotos bonitas, poesia ou links interessantes). Dificilmente deixo comentĂĄrios, entĂŁo quase ninguĂ©m sabe que leio. Absorvo o que posso e saio cheia de idĂ©ias; algumas dessas coisas vĂȘm parar aqui, nĂŁo porque quero fazer um blog famoso, popular e "rentĂĄvel", e sim porque Ă© da natureza humana querer compartilhar coisas bonitas.

De resto, quando decido dar um passo fora da trilha demarcada e me encontro num desses "blogs opinativos", acabo me sentindo irritada e cansada. A leitura é difícil, pesada, cheia de expletivos, negativismo, reclamaçÔes, acusaçÔes. Ou longas listas de dicas para se tornar uma pessoa perfeita, bacana, adaptada, bem resolvida e justa. Como se fosse possível ser tudo isso. E como se quem escreve esses "manuais de comportamento humano" fosse tudo isso e estivesse apto a ensinar. Exatamente como eu fazia e, às vezes, acabo fazendo de novo (humanos, né? Errar é o nosso destino). Só que no fundo eu sei que qualquer coisa que eu diga, conclua ou critique, não passa de mais do mesmo. E sinto que envelheço e não tenho mais tempo para ser apenas mais uma voz brigando para ser ouvida.

Acredito que os autores estejam fazendo algo de valor (ainda que para si prĂłprios, o que Ă© justo) e nĂŁo vou negar a importĂąncia do discurso. Mas, ao mesmo tempo, sinto que jĂĄ passei por essa fase anos atrĂĄs, jĂĄ vi, li e escrevi tudo isso antes e nĂŁo pretendo passar mais dez anos repetindo senso comum e a piada de ontem como se fossem novidade. NĂŁo sinto mais vontade de publicar minhas verdades como se elas fossem algo mais do que as minhas verdades ou como se fossem mudar alguma coisa ou alguĂ©m. As coisas e pessoas mudam quando estĂŁo prontas para isso. Minha adolescĂȘncia (mental e fĂ­sica) acabou. Acho que agora vou optar a voltar a ser criança e me deixar encantar por coisas pequenas, como essa Ășltima borboleta de verĂŁo pousada na minha janela. E que voou antes que eu conseguisse pegar a cĂąmera para fotografĂĄ-la.

Ela tambĂ©m sabe que tem pouco tempo pela frente (as noites de outono cada vez mais frias). E que as coisas realmente importantes nĂŁo conseguem e nem precisam ser registradas, explicadas, analisadas, esmiuçadas, criticadas ou consertadas. VivĂȘ-las, ainda de que forma imperfeita, basta.

Eu vou tentar.