Camden ainda é, apesar da turistada, dos adolescentes espaçosos e da invasão dos chineses, um dos lugares mais, erm, “interessantes” para se comprar cacarecos na cidade. Fiquei chateada ao perceber que fecharam a filial da
Artbox - mas enfim, sempre existe a internet. :)
Certa vez uma amiga se recusou a me acompanhar dizendo que “não ia a Camden porque não era mais uma pseudo gótica de 13 anos”. Ou seja, a pessoa claramente não passou da área dos camelôs, não curtiu o que viu, deu meia volta e entrou de novo no metrô.
Bastava se enfiar pelas vielas e porões do Stables Market e do Camden Lock para encontrar antiques, roupas vintage, lojas de segunda mão, um indiano carpinteiro que faz molduras lindas pelo preço de um prato de curry, a vovó que vende vidros de perfume antigos, o rapazinho que vende malas lindas dos anos 40, 50, e 60, o stand de revistas usadas (comprei uma Vogue de 1967), a “praça de alimentação” onde você pode comer gororoba de qualquer lugar do planeta servida numa marmita por 4 libras (rodeada por pombos engordurados querendo roubar um pedaço de frango), as melhores lojas de sapatos alternativos da cidade, as lojinhas de hippies vendendo incenso, tapetes e almofadas coloridos, os salões de beleza onde mini peixinhos comem as peles mortas dos seus pés, a ala dos góticos, a ala das lolitas japonesas, a ala dos mudernos eletrônicos, as lojas chinesas vendendo essas roupinhas rendadas que estão por TODA a parte, as lojas chinesas vendendo por 30 libras (or best offer…) réplicas das bolsas de mil libras que a gente encontra na Selfridges, lojas de móveis usados, lojas de móveis hype, restaurantes e cafés servindo comida do mundo inteiro, tomar uma pint observando os barquinhos no canal.
Mas a verdade é que eu sempre serei uma pseudo gótica de 13 anos, e talvez por isso o lugar ainda exerça um certo grau de fascinação sobre mim.
Para quem quiser passear mais por Camden,
um vÃdeo bacana. :)
Só não sei até quando exatamente essa fascinação vai durar, dadas as atuais circunstâncias - sim, é isso mesmo, vou começar a reclamar. :) Com a chegada em massa dos chineses, fatalmente o lugar acaba perdendo um bocado da identidade. Percebi que vários brechós, por exemplo, foram substituÃdos por lojas de tralhas made in China. O problema é que todas essas lojas vendem praticamente a mesma coisa (no caso de Camden, roupinhas rendadas em estilo
mori girl e bolsas de grife falsificadas) e, se a presença oriental de fato se tornar massiva, o mercado todo vai acabar se descaracterizando e perdendo muito em qualidade/originalidade.
Outra coisa: praticamente todas as lojas traziam cartazes imensos e deseducados na porta: NO PHOTOS. Juro que não entendo a motivação (principalmente quando a mercadoria à venda não pode ser copiada), acho deselegante e me faz perder a vontade de entrar e comprar qualquer coisa. Dificilmente entro nesses lugares, por mais dentes que a vendedora me mostre ao me perceber parada na porta.